Ago 07, 2024 | Comentários
Maior empresa de sistemas de ensino do país controlada pela família Ari de Sá e que tem entre seus acionistas as gestoras General Atlantic e Dragoneer, a Arco Educação está diversificando seu negócio. A companhia está investindo numa rede de franquias de escolas com ensino bilingue, alto índice de aprovação em vestibular e em período integral as maiores demandas das famílias atualmente.
A Arco não vai ser dona dos colégios e, sim, a franqueadora. É uma estratégia que amplia sua base de clientes, uma vez que essa nova rede de escolas batizada de Ways - vai usar o material didático e todos os outros serviços educacionais da companhia como plataforma tecnológica e antecipação de mensalidades para escolas, entre outros.
A meta é que esse novo grupo escolar tenha 150 unidades com 50 mil alunos, em cinco anos, e após esse prazo passe a gerar um faturamento anual de R$ 250 milhões. A Arco deve encerrar esse ano com uma receita de R$ 2,7 bilhões, o que representa um ganho de cerca de 20% sobre 2023.O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebit da) deve crescer cerca de 30% para R$ 870 milhões em 2024.
Atualmente, 3,4 milhões de alunos, o equivalente a cerca de 35% de toda a rede privada de ensino do país, adotam os materiais da Arco. A companhia é dona das bandeiras SAS, Positivo, COC, Geekie e Conquista. Hoje, os sistemas de ensino não se resumem às apostilas de papel, há conteúdo digital com reforço escolar, provas, testes, guia de au- las para professores, etc.
Meta é que novo grupo escolar tenha 150 unidades e 50 mil alunos
"Temos cerca de 12 mil escolas usando nossos sistemas de ensino. Muitos dos fundadores dessas unidades nos reportaram a vontade de abrir um colégio bilíngue. Assim, nasceu a ideia de criar a Ways por meio de franquias. Não queremos o investimento pesado para construir comprar escolas", disse Ari de Sá Neto, fundador e CEO da Arco Educação, que fechou o capital na Nasdaq, em dezembro. Há uma tendência de outros grupos brasileiros seguirem um movimento parecido diante da redução da representatividade na bolsa americana.
Esse processo de deslistagem da Arco foi deflagrado com uma oferta das gestoras de private equity General Atlantic e Dragoneer. Com a entrada dos fundos, a família fundadora passou a deter 87,2% de uma classe de ações especiais com poder de voto e 40,5% dos demais papéis da companhia.
Em 2023, a Vasta, dona de sistemas de ensino controlada pela Cogna, também lançou uma rede de franquias de escolas de ensino ou bilingue com foco em aprovação no vestibular. A projeção é abrir 120 unidades e gerar um Ebitda de R$ 300 milhões em quatro anos.
Essa investida dos dois maiores grupos de sistemas de ensino é motivada por uma queixa de muitas famílias sobre as escolas bilingues que, em geral, atraem alunos nas etapas inicias da alfabetização, mas a maioria não é focada em vestibular. Com isso, nos últimos ciclos da etapa escolar (fundamental 2 e ensino médio), é comum haver uma transferência de colégio.
A Arco vai colocar R$ 40 milhões, nos dois primeiros anos do projeto, para desenvolvimento de material didático, formatação do modelo de negócio e marketing. A primeira escola Ways vai ser aberta, em 2025, na zona norte de São Paulo, região onde a empreendedora já é dona de um colégio cliente da Arco, mas com outro perfil pedagógico. Em São Paulo, o valor médio das mensalidades será de R$ 5 mil.
R$ 2,7 bi é a receita prevista em 2024
"Consideramos esse preço competitivo para uma escola de período integral, com aulas das disciplinas de matemática, geografia, entre outras em inglês no contra-turno", disse o CEO da Arco. Sua família é dona do Colégio Ari de Sá, em Fortaleza, uma das escolas com o maior índice de aprovação nas universidades públicas e que deu origem ao sistema de ensino SAS.
Segundo o CEO da Arco, apenas 8% das escolas privadas têm aulas das disciplinas obrigatórias em período integral. É um percentual inferior ao rede pública, onde esse índice chega a 12%. Na maioria dos colégios particulares, o contraturno é usado para atividades extracurriculares como esportes, aulas de reforço, entre outros.
Fonte: Portal Valor Econômico - Beth Koike, de São Paulo