Out 27, 2022 | Comentários
Número recorde de empresas endividadas é o maior desde o início da série histórica em março de 2016.
O número de empresas inadimplentes bateu recorde em setembro deste ano, segundo pesquisa da Serasa Experian.
São 6,3 milhões de empresas com dívidas atrasadas, maior número desde o início da série histórica em março de 2016. Os dados incluem pequenas empresas.
Hoje, o Brasil tem 20,4 milhões de empresas, de acordo com o Mapa das Empresas do governo federal. Isto significa que cerca de 30% das empresas do país estavam inadimplentes até setembro deste ano.
Em janeiro deste ano, o número de empresas inadimplentes chegou a 6 milhões. O último recorde de empresas inadimplentes foi registrado em junho deste ano, com 6,2 milhões de empresas inadimplentes. O dado se manteve estável durante junho, julho e agosto.
A dívida total é de R$ 105,2 bilhões. Vale ressaltar que pesquisa da Serasa Experian considera como inadimplente a empresa que tem pelo menos uma conta vencida e não paga.
A pesquisa mostra que as empresas devem, em média, R$ 16.771,80 para os credores. Cada empresa deve, em média, para 7,1 credores.
O setor de serviços é o que lidera o ranking, representando 53,3% dos negócios negativados. Em seguida, aparecem o comércio (37,7%), indústria (7,8%), setor primário (0,8%), que é o responsável pela produção de matérias-primas, e outros (0,4%).
O indicador mostra que das 6,3 milhões empresas inadimplentes, 5,6 milhões são micro e pequenas empresas, um aumento de 5% em relação a setembro do ano passado.
A pesquisa também mostra que as empresas devem, em média, R$ 16.771,80. Cada empresa deve, em média, para 7,1 credores.
O vice-presidente de pequenas e médias empresas da Serasa Experian, Cleber Genero, afirma que as empresas menores tendem a demorar mais tempo para se recuperar, mesmo em cenário de economia estável.
De acordo com o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, o recorde é reflexo de dois motivos principais: o aumento da inadimplência das pessoas físicas e o aumento da taxa básica de juros.
Uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que quatro em cada dez brasileiros adultos estavam negativados até setembro. Esse número equivale a 64,25 milhões de pessoas, um recorde do levantamento, realizado há oito anos.
Cada brasileiro deve, em média, R$ 3.688,96, e demora cerca de 10 meses para sair da inadimplência.
Rabi diz que, quando o consumidor final está endividado, alguma empresa deixa de receber os pagamentos. A inadimplência dos brasileiros puxa a das empresas.
Segundo Rabi, o aumento da taxa básica de juros para conter a inflação deixou o crédito mais caro para as empresas, principalmente para as pequenas e médias.
As empresas também usam empréstimos para adiantar os pagamentos de clientes no crédito. Se a pessoa fez uma compra em dez vezes, a empresa faz um adiantamento do valor total com o banco, mediante o pagamento de juros. Na prática, a empresa recebe menos.
Para conter a inflação, o Banco Central (BC) fez uma série de altas na taxa básica de juros (Selic) , que começaram em março de 2021, quando a taxa passou de 2% ao ano para 2,75% ao ano. Em agosto deste ano, a taxa chegou a 13,75% ao ano, patamar atual.
A Selic serve como um parâmetro para todas as taxas de juros cobradas pelo mercado financeiro.
Como a empresa pode limpar o nome
A orientação da Serasa é que a empresa busque renegociar suas dívidas. Rabi diz que os credores costumam ser flexíveis em processos de renegociação.
Rabi também afirma que a empresa precisa analisar suas contas para entender gastos e receitas, buscando cortar despesas desnecessárias para equilibrar as contas.
Outra opção é buscar linhas de créditos mais baratas, para que a empresa consiga pagar taxas de juros mais baixas
Fonte: Portal Contábeis - Com informações do UOL Economia