Ago 09, 2022 | Comentários
Sobrecarga, falta de tempo e necessidade de abordar outros conteúdos em inglês são algumas das dificuldades de professores bilíngues no Brasil. Edtech oferece formação continuada para apoiá-los.
Falta de tempo, excesso de conteúdos, sobrecarga de trabalho, baixa motivação dos estudantes e a abordagem de outros componentes curriculares em inglês são alguns dos muitos desafios dos professores de educação bilíngue no Brasil. O cenário é agravado por profissionais com formação incompleta: segundo pesquisa “Professoras e professoras de Inglês no Brasil – Retratos de uma profissão a partir do Censo Escolas e do Censo da Educação Superior”, do British Council, dos 172 mil docentes da língua inglesa no Brasil, 16% não possuem ensino superior completo.
Levantamento publicado pelo Observatório para o Ensino da Língua Inglesa também liga o sinal de alerta. Os dados compilados a partir do Censo Escolar da Educação Básica 2020 e o Censo da Educação Superior 2019 mostram que, do total de turmas de Língua Inglesa em todas as redes (públicas municipais, estaduais e federal, além da rede privada), apenas 29,42% estão com docentes com titulação classificada como adequada, isto é, que tenham cursado licenciatura única (Letras Inglês) ou dupla (Letras Português-Inglês) ou que tenham possuem bacharelado nessas duas áreas e tenham complementação pedagógica concluída em Língua Inglesa.
“A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e o Novo Ensino Médio já demandam formações específicas para lidar com novas orientações e sinalizam um ensino mais significativo, que prepara os alunos para serem usuários da língua, um passo além de somente estudar sua estrutura”, explica a pesquisadora Telma Gimenez, da UEL (Universidade Estadual de Londrina), responsável pelo estudo. Só que o cenário revelado pela pesquisa do Observatório mostrou que são necessárias ações no curto prazo. “Os dados que conseguimos identificar a partir do levantamento do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) mostram que isso precisa ser uma prioridade máxima”.
É aqui que entram soluções de formação continuada, que trazem segurança e confiança para o professor exercer o seu saber-fazer, explica Valéria França, head of Learning & Development (diretora de aprendizado e desenvolvimento) do Edify Education. “Isso se traduz rapidamente em sala de aula, quando vemos os alunos cada vez mais engajados e envolvidos no seu próprio processo de aprendizagem”, reforça.
Enquanto edtech que oferece soluções bilíngues em inglês, o Edify conta com um programa de formação continuada com conhecimentos e ferramentas para apoiar os docentes nos desafios do dia a dia, tanto na prática pedagógica em sala de aula como nas abordagens técnicas do ensino da língua.
Quais desafios são esses?
Formações iniciais insuficientes somam-se a longas jornadas de trabalho em mais de uma escola, aspectos e tarefas burocráticas da profissão docente, demandas de turmas de níveis diferentes, planejamento de aulas, participação em reuniões. Esse combinado de fatores faz com que os educadores tenham pouco tempo disponível para se dedicar às formações continuadas e atualizações profissionais.
O volume de conteúdos é outro agravante. “Essa é uma pergunta muito frequente dos professores. Diante de tantas coisas, como saber o que priorizar?”, questiona Valéria. Andreia Fernandes, coordenadora acadêmica do Edify Education, cita ainda outros pontos de atenção:
– Questão cognitiva: como cognitivamente o estudante vai se desenvolver em duas línguas: a língua portuguesa e a língua adicional? “O professor precisa pensar quais são as estratégias, métodos, abordagens e técnicas que serão usadas para que esse processo cognitivo se dê de forma eficiente”, explica;
– Características culturais: apesar de o principal objetivo de aprender um idioma seja a comunicação, é necessário, para aprender as características desse idioma, compreender também os diferentes contextos culturais e usos que serão feitos da língua em si;
– Contexto interdisciplinar: “Nesse contexto interdisciplinar, há demandas pedagógicas que precisam ser ainda exploradas na formação de professor. Não é simplesmente aprender uma outra língua, mas outras características, como o uso dessa língua tanto em sua forma escrita como falada. Trabalhar de forma interdisciplinar ainda também é um grande desafio nesse processo de formação de professores”;
– Questão socioemocional: é necessário exercitar flexibilidade cognitiva de passar de um padrão linguístico para outro e, para isso, é preciso ter confiança, como cita Andreia, “no seu conhecimento naquilo que você vai dizer, nas palavras que você vai selecionar, na pronúncia dessas palavras, nas estruturas. Ter um bom desenvolvimento socioemocional e ajudar o aluno nesse processo de autoconhecimento e autoconfiança é extremamente importante quando se trata do ensino bilíngue, mas esse é um ponto que muitas vezes ainda não está presente na formação de professores.”
As formações continuadas na educação bilíngue, além de apoiar os professores a endereçar os desafios citados acima, também colocam esses profissionais em contato, permitindo a troca de experiências entre diferentes realidades. “Não basta ter uma formação inicial de muitas horas. Essa formação é constante e precisa ser continuada, porque é dentro desse processo que as reflexões vão surgindo, as indagações, os medos e também os pontos positivos que merecem uma troca com os outros”, aponta Andreia.
Na prática
Como tudo isso faz diferença na prática, ou seja, no dia a dia do professor bilíngue? Para Brisa Mendonça, o desafio tem sido intenso, considerando que o Colégio Divina Providência, de Itabuna (BA), onde trabalha, decidiu implementar o ensino bilíngue no início de 2022. “Com os estudantes finalmente de volta à sala de aula, a sensação é de que muitos deles realmente perderam dois anos de escola”, explica, se referindo às defasagens de aprendizagem em razão da pandemia de Covid-19.
Apesar das dificuldades, ela conta que as formações estão ajudando a ‘reciclar’ muito do que já aplicava enquanto educadora bilíngue, mas com novas perspectivas. “Um novo olhar trazido pelas formações é a ideia de ter aulas em inglês, e não de inglês. Isso faz toda a diferença”, comenta.
Brisa conta, ainda, que a partir das mentorias e oportunidades de tirar dúvidas com os mentores Edify entendeu as novas possibilidades de práticas pedagógicas, bem como aquilo que já fazia de forma acertada. “Cada aula tem sua própria narrativa, uma história diferente que planejamos contar para os alunos, mas que vai ser, é claro, construída junto com eles. De forma intuitiva, eu já me sentia dessa forma em relação às aulas e como planejar cada uma. Mas ver essa ideia verbalizada pelo professor formador foi muito bom.”
A fala de Brisa encontra conexões com a de Daniele Machado, professora do Colégio Universo Vila, em Barcarena (PA), que fala sobre como as formações ajudam a avaliar as próprias ações. “Conseguimos utilizar nossa experiência de sala de aula como um laboratório para aprimorar nossas práticas. A formação me ajudou a selecionar estratégias de ensino mais eficazes.”
Ao longo das dinâmicas, a troca de experiências entre professores de diferentes regiões e uma rotina de conteúdos para atualização também foram considerados pontos positivos.
“A qualidade das minhas aulas melhorou muito, pois agora consigo otimizar melhor o tempo em sala de aula e trabalhar os conteúdos que estão de acordo com a realidade dos meus alunos, estimulando-os a cada vez mais no processo de aprendizagem”, completa.
Personalização
Considerando os múltiplos desafios enfrentados pelos professores, o Edify oferece treinamentos presenciais na escola, treinamentos remotos síncronos usando plataformas de reuniões online, treinamentos chamados de ‘microaprendizagens’.
Esse acompanhamento ajuda a direcionar melhor as formações mais indicadas para cada educador bilíngue. “No momento que identificamos as áreas de desenvolvimento e habilidades que podem ser aprofundadas pelo professor, direcionamos ele para um conteúdo específico para garantir sua formação. Ter um olhar macro de formações, mas também algo customizado e personalizado para atender a demanda de cada um é algo que ajuda muito a otimizar o tempo que o professor tem”, explica Valéria.
Existem três programas principais para os educadores: To Hack, To Go e To Create. Com conteúdos diferentes dependendo da intencionalidade do aprendizado, a estrutura entre os programas é semelhante: primeiro, há os treinamentos essenciais. Em seguida, vem a trilha personalizada do educador ou da escola. Por fim, há o trecho lesson coaching, no qual os educadores elaboram planos de aula e compartilham para avaliação e feedback dos mentores.
Para incentivar cada vez mais os participantes, há badges (distintivos digitais) e certificados que podem, por exemplo, serem compartilhados no LinkedIn, como exemplifica Valéria. “Com isso, o professor pode dar visibilidade a seu processo de desenvolvimento. No Brasil, nós falamos pouco sobre o esforço que o professor faz para se manter atualizado, mas o reconhecimento e valorização são fundamentais.”
Fonte: Portal Porvir - Maria Victória Oliveira